26 de abril de 2024
Campo Grande 23ºC

VALID

Substituindo falida, empresa que fará provas do Enem ganha R$ 151,7 milhões pelo serviço

Crise na Educação preocupa aplicação do Enem 2019. Empresa foi contratada sem concorrência

A- A+

A gráfica RR Donnelley responsável por imprimir as provas do Enem desde 2009 decretou falência no mês (04) desse ano. O Inep declarou à época que ficou mantido o cronograma das provas. Uma outra empresa foi contratada em regime de urgência, sem necessidade de se abrir uma concorrência, a contratada, Empresa Valid, ganhará R$ 151,7 milhões pelo trabalho, 6% a mais do que foi gasto ano passado, durante o governo de Michel Temer. Em 2009, RR Donnelley também foi contratada em caráter de urgência após o roubo de provas na antiga gráfica contratada pelo governo federal.

Fundada em 1957 no Brasil, ela será a responsável pela impressão e por acompanhar todo o processo de segurança do Enem 2019. O valor pago a Valid, figura acima do índice de inflação de 4,5% registrado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), entre junho de 2018 e abril de 2019. O custo para realização do exame em 2018 foi de R$ 143,5 milhões. A Valid foi a segunda colocada na licitação realizada em 2016.

A contratação ocorreu após o Tribunal de Contas da União (TCU), em abril deste ano, permitir o procedimento sem nova licitação devido à urgência da impressão das provas para que o processo ocorra conforme o previsto.

A crise na educação brasileira atinge todos os departamentos. O alto escalão é frágil. Para comparação breve, só o Inep teve quatro presidentes. Já passaram pela presidência da autarquia: Maria Inês Fini, que desempenhava a função no governo Temer, demitida em 14 de janeiro. Foi substituída por Marcus Vinicius Rodrigues. Ele foi a primeira nomeação do governo Bolsonaro para o Inep e permaneceu no posto de 22 de janeiro a 26 de março, após desentendimento com o ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, ao determinar o adiamento da avaliação da alfabetização. 

No dia 15 de abril, foi nomeado Elmer Vicenzi pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Menos de um mês depois, no dia 16 de maio, deixou o cargo. No dia seguinte o bacharel em direito e engenheiro químico, Alexandre Lopes foi nomeado ao cargo.

Não apenas o Inep, mas o próprio MEC teve uma troca de comandantes recentemente: Abraham Weintraub se tornou ministro no dia 8 de abril. Anteriormente, Weintraub estava trabalhando na Casa Civil como secretário-executivo.

Antes o cargo foi ocupado pelo então ministro Ricardo Vélez Rodríguez, que foi demitido após envolvimento em polêmicas, entre elas a permissão para compra de livros didáticos com erros e propagandas, a extinção da avaliação de alfabetização, a ordem para filmar crianças cantando o hino nacional e a revisão de obras que abordem o golpe de 1964.

O terror desemboca na inconsistência de governabilidade de Jair Bolsonaro.