08 de maio de 2024
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CASO MARIELLE

Bolsonaro perde apoio de policiais ao dizer que delegado é "amiguinho" de Witzel

Na rede social, Bolsonaro acusou governador do Rio de Janeiro de manipular investigações da morte da vereadora e seu motorista, após polêmica do depoimento do porteiro envolvendo o presidente

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A Associação de Delegados de Polícia do Brasil (Adepol Brasil), a Federaçlão Nacional dos Delegados de Polícia Civil (Fendepol), o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Amazonas (Sindepol-AM), o Sindicato de Delegados de Polícia Civil do Rio de Janeiro (Sdepol-RJ) e a Associação dos Delegados de Polícia do Pará (Adepol-PA), reagiram as declarações do presidente Jair Bolsonaro em relação às investigações do caso “Marielle e Anderson”.

Conforme nota, a classe, antes apoiadora de Bolsonaro, reagiu dizendo que o presidente se vale para tentar intimidar o delegado responsável pelo caso ‘Marielle’ no Rio de Janeiro. O comunicado foi divulgado nos sites das representatividades nesse domingo (3), após sábado (2), Bolsonaro acusar o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de “manipular” o caso e ainda apontar que o delegado da polícia civil que está à frente do caso, é “amiguinho”, do governador, a fala de Bolsonaro surtir efeito nada positivo para instância federal. 

“Valendo-se do cargo de Presidente da República e de instituições da União, claramente ataca e tenta intimidar o Delegado de Polícia do Rio de Janeiro, com intuito de inibir a imparcial apuração da verdade”, afirma a nota. 

Marielle e Anderson foram mortos na noite de 14 de março de 2018, no centro do Rio, quando seguiam para a casa da vereadora.

Esta semana, a Rede Globo noticiou que o porteiro do condomínio onde o presidente morava relatou à polícia que, no dia do crime, um dos suspeitos pediu para interfonar para a casa de Bolsonaro. Segundo a Globo, o porteiro afirmou ter recebido a autorização do presidente, à época deputado, mas que o visitante seguiu para a casa do outro suspeito.

Embora a reportagem tenha mostrado que, naquele dia, Bolsonaro estava em Brasília, o presidente divulgou pouco depois um vídeo, visivelmente irritado, contra a emissora e disse ser vítima de um complô.

No sábado, Bolsonaro disse ter retirado as gravações da portaria para evitar que fossem adulteradas, o que lhe rendeu muitas críticas.

As associações de polícia afirmam ainda que, em suas declarações, “o Presidente insinua direcionamento das investigações, inclusive com adulteração de provas e coação de testemunha, e refere-se ao Delegado presidente do inquérito como amiguinho (sic) do Governador”.

“O cargo de Chefe do Poder Executivo Federal não lhe permite cometer atentados à honra de pessoas, muito menos daquelas que, no exercício de seu múnus público, desempenham suas funções no interesse da sociedade e, não, de qualquer governo”, completa a nota.

*Com informações da AFP.