Os dirigentes do PSDB de Mato Grosso do Sul parece que decidiram não inibir e muito menos impedir as movimentações da deputada federal Rose Modesto para candidatar-se à Prefeitura de Campo Grande em 2020. Ela demonstra estar bem à vontade para operar dentro e fora do ninho tucano, estabelecendo canais de diálogo com interlocutores de outras legendas, especialmente o Podemos, o MDB e o PP.
Esta semana dois desses partidos já haviam lançado no ambiente pré-sucessório balões de apoio à iniciativa de Rose. O ex-governador André Puccinelli, que é a voz de maior autoridade dentro do MDB estadual, repetiu o que já havia dito antes, quando revelou estar conversando com a deputada sobre as eleições. Ele abriu as portas da legenda e a considerou um dos nomes mais competitivos para a disputa, embora ressalvando que “qualquer pessoa que saia pelo MDB tem chances de vencer”.
No PP, a aproximação entre Rose e as lideranças da sigla é cada vez mais estreita. Em Brasília, ela deu sequência às conversações iniciadas em Campo Grande e reuniu-se com os deputados estaduais Evander Vendramini e Gerson Claro, além do vereador Cazuza. Não houve qualquer deliberação, segundo Gerson Claro, até porque o PP está cuidando de sua redefinição orgânica, após o presidente do Diretório Regional, Alcides Bernal, afastar-se do comando.
“É natural que o PP queira continua crescendo. É o partido que possui a terceira maior bancada da Câmara dos Deputados, mas tem espaço e condições para se fortalecer ainda mais”, afirmou Claro. Ele reconhece, entretanto, que Rose tem dificuldade para trocar de legenda porque é grata ao governador Reinaldo Azambuja e se fortaleceu política e eleitoralmente no PSDB.
Ainda assim, deputado leva em conta que, apesar da gratidão ao governador, Rose tem seus motivos para concorrer, pois é adversária do prefeito Marquinhos Trad (PSD) e está vivendo um bom momento de afirmação política – por isso o interesse em entrar na corrida sucessória. Para Claro, atrair Rose para o PP é uma questão da alçada superior do partido, até porque as eleições nas capitais no próximo ano estão na cota dos desafios estratégicos.
Se MDB e PP forem descartados, Rose ainda tem na manga outra carta: o Podemos. Ela ganhou da presidenta do Diretório Nacional, a deputada federal Renata Abreu (SP) o controle regional da legenda. Um presente que teve como primeiro objetivo garantir um abrigo seguro para a sulmatogrossense levar adiante o projeto de enfrentar Marquinhos Trad.
A saída de Rose pelo tripé Podemos-PP-MDB pode tornar-se inviável com as restrições que a legislação apresenta a quem muda de partido com finalidade de disputar eleições. Nesse caso, restaria permanecer no PSDB apostando num cenário que tire do partido e do governador a declarada intenção de compor aliança com o PSD e fazer a campanha pela reeleição de Marquinhos Trad. Ela só precisa se preocupar com uma possibilidade, improvável agora: de ficar sozinha com sua candidatura.