16 de abril de 2024
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Capital de MS será segunda a infectar mosquito para combater dengue

Método chamado Wolbachia consiste em infectar mosquito com uma bactéria que mata o Aedes aegypti

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Campo Grande (MS) será o segundo município do País a participar do "Método Wolbachia”, de combate ao mosquito Aedes aegypti. A estratégia inovadora é do Ministério da Saúde e consiste em infectar o inseto com uma bactéria chamada Wolbachia, que reduz a capacidade dele transmitir a dengue, a zika e a chikungunya. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, assinou na segunda-feira (17.março), documento que formaliza a participação.

“A Wolbachia é uma tecnologia do SUS. Os primeiros testes foram realizados em Niterói (RJ) e, após os bons resultados, decidimos expandir para outras regiões de diferentes biomas, como Campo Grande. O Ministério da Saúde tem aportado recursos e mudou sua linha de pesquisa. Agora, as pesquisas financiadas partem dos problemas que afetam a população e o SUS, a exemplo de soluções para doenças como dengue, malária e leishmaniose”, destacou o ministro Luiz Henrique Mandetta.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é a responsável pelo projeto do World Mosquito Program (WMP) no Brasil - desde a produção de ovos dos insetos até a preparação para liberação nos locais em que ele ocorre. Em Campo Grande, a fundação vai atuar em conjunto com o Laboratório Central (Lacen), que vai receber o ovo do mosquito com a bactéria Wolbachia. Serão realizados envios semanais para que técnicos do Lacen coloquem esses ovos para eclosão. Depois de adultos, esses mosquitos são soltos.

Para apoiar o projeto, cerca de 2.500 profissionais de saúde, entre agentes de endemias e agentes comunitários de saúde, estão sendo capacitados para atuar nas ações de vigilância, incluindo a mobilização da população nesta nova estratégia.

MÉTODO WOLBACHIA

A Wolbachia é uma bactéria intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não está presente no Aedes aegypti. Quando presente no mosquito, ela impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam dentro do inseto, contribuindo para redução destas doenças. Não há modificação genética nem no mosquito, nem na bactéria. Na prática, o método consiste na liberação de Aedes aegypti com a Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e gerem uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia.

Atualmente, o Método é implementado em 12 países: Austrália, Brasil, México, Colômbia, Indonésia, Vietnã, Sri Lanka, Índia, Fiji, Nova Caledônia, Vanuatu e Kiribati. Os resultados preliminares do World Mosquito Program, responsável pelo método, apontam redução dos casos de dengue no Vietnã, Indonésia e na Austrália, e dos casos de chikungunya em Niterói, no Rio de Janeiro, onde os mosquitos com Wolbachia começaram a ser liberados em larga escala em 2016.