19 de abril de 2024
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Registros por excesso de velocidade caem e Detran-MS resgata depoimento de tragédia no trânsito

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Uma das principais causas de acidentes graves no trânsito, o número de infrações cometidas por excesso de velocidade caiu 24,8% no primeiro semestre deste ano comparado com 2019 em Mato Grosso do Sul. Segundo dados do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), enquanto no ano passado foram registradas 202.076 infrações, este ano o número é de 151.896. Essa queda pode ser resultado de dias de quarentena, vividos em função da pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19), mas independente disso, já representa uma situação positiva para o trânsito de Mato Grosso do Sul com relação ao número de vítimas, feridos ou mortos em acidentes.

“Ela estava trabalhando, fazia faculdade, era líder de célula na igreja dela, isso tudo foi interrompido. Hoje ela não tem condições de trabalhar, frequentar uma faculdade, embora o cognitivo funcione muito bem, não tem mais condições de coordenação motora, não consegue se quer direcionar a cadeira de rodas sozinha. Criou-se uma dependência com relação à família, muito séria. Ela é dependente de nós para praticamente tudo”.

O relato cheio de emoção é de alguém que vivenciou, como autoridade e como vítima, o trânsito com todos os seus benefícios e adversidades. Agente, hoje aposentado, da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Valter Favaro, conta a história da filha Rayssa Favaro, que teve sua rotina modificada após ter a coordenação motora limitada por conta de um acidente de trânsito.

“A Rayssa, no dia 21 de abril de 2009, vinha vindo para casa depois de ter passado a noite na casa de amigos, por volta das 6h da manhã. Ela teve o carro colido na lateral por outro veículo. A perícia apontou a velocidade de 40 km/h no carro da Rayssa e 104 km/h no outro carro. Só o fator velocidade já é causador de danos graves”, relatou Favaro. “Eu pedia a ela que nunca viesse na madrugada, tipo três ou quatro da manhã. Sempre pedia que esperasse clarear o dia e eu tenho isso na minha alma. Talvez se eu não tivesse dito isso pra minha filha ela teria vindo em outro horário”, ponderou.

Onze anos se passaram. O crime, segundo Favaro, prescreveu e o condutor do outro carro, à época com 18 anos, não foi a julgamento.

O acidente

“Quem me deu a notícia foi minha irmã, que é delegada de polícia civil. O delegado que estava no local, de posse da carteira de habilitação da Rayssa, ligou para minha irmã perguntando o que era dela e coincidentemente, a Rayssa é sobrinha e afilhada dessa minha irmã, que teve o desprazer da primeira notícia.

Ela me ligou e disse: a Rayssa sofreu um acidente muito grave na Mato Grosso com a Bahia. Prepare-se para o pior! Foi exatamente o que ela disse: Vá para o local, mas vá preparado!”

O pai, que ainda hoje se emociona ao lembrar o ocorrido, lembra que o pior foi encontrar a filha no hospital, em coma profundo. “É um momento muito difícil”, lembrou.

O causador do acidente havia passado a noite em uma festa, estava em alta velocidade e não tinha carteira de habilitação.

“É muito difícil eu não desejo isso pra ninguém, nem mesmo para a família do rapaz. É muito difícil passar pelo que nós passamos. Hoje estamos mais acostumados com essa ideia, embora não deixemos de lutar para que ela volte a andar e ter suas atividades. Mas a gente sabe que a pancada foi forte e as limitações são grandes. Mas Deus é mais, ele pode dizer que sim ou não. No mais, é contar com a graça de Deus no sentido de nos dar ânimo para que possamos continuar lutando. A dificuldade do acidente é que ele envolve toda uma história de vida. Por isso que eu digo, todo cuidado na direção veicular é pouco. A velocidade não te dá tempo de reação. Um conselho: Primeiro, não beba e dirija! Segundo, não corra dentro da cidade, diminua sua velocidade, saia mais cedo, não tente tirar o atraso no acelerador do seu veículo”.