29 de março de 2024
Campo Grande 23ºC

Memória

Proposta resgata e valoriza a memória de ícones da cultura guaicuru

A- A+

Figuras históricas do acervo artístico-cultural de Mato Grosso do Sul que ainda não tiveram em suas aldeias o reconhecimento proporcional à sua grandeza - como o ator Rubens Corrêa, o escritor Adolfo Cunha e o comediante Nelson Borges de Barros – podem ter sua memória resgatada e redimensionada. Proposta do deputado estadual George Takimoto (PDT) aponta esta possibilidade.

No próximo dia 23 o aquidauanense Rubens Corrêa estaria completando 86 anos. Mas sua vida foi interrompida em janeiro de 1996, um dia antes de completar 65 anos. Ele, embora se destaque na galeria dos mais importantes atores e diretores das artes cênicas do Brasil, é mais um dos conterrâneos que acumularam semelhante protagonismo e não ganharam a reverência compatível com a obra que realizaram.

A fila para esse resgate é imensa e inclui, entre tantos, os escritores Adolpho Jorge da Cunha e Lino Villachá, o comediante Nelson Borges de Barros, a artesã Conceição do Bugres e o artista plástico e Jorapimo. Nomes já consagrados, como os de Manoel de Barros e Glauce Rocha, levaram muito tempo para ser entronizados num patamar de elevado reconhecimento.

No entanto, se o Governo do Estado aprovar uma proposta do deputado estadual George Takimoto (PDT), as injustiças ou a falta de adequada reverência seriam corrigidas. O parlamentar pediu a criação de um Memorial ou Galeria de Notáveis, sugerindo a Casa do Pantanal, no Parque das Nações Indígenas, como espaço para a exposição de peças (imagens e históricos) dos protagonistas das artes e do esporte nascidos no Estado e com projeção nacional e internacional.

A necessidade de redimensionar a importância de quem fez da cultura um elemento de afirmação da identidade e das capacidades regionais é indiscutível. Não por maldade ou desconhecimento dos fatos, injustiças ou desvios são cometidos. Foi o caso da escolha de Rubens Corrêa para que nome batizasse o Museu de Arte Pantaneira, uma antiga casa de época em Aquidauan. Foi o prefeito Raul Freixes (1997-2000) quem fez essa escolha. Mas não vingou. Na administração seguinte o nome do ator foi substituído pelo de Manoel Antonio Paes de Barros, fundador da cidade e presente em denominações de ruas e outros endereços públicos.

O batismo do imóvel rendeu acirrado debate. Ao investir na revitalização do prédio, Freixes imaginava homenagear o maior nome aquidauanense na cultura do País fazendo do Museu um espaço de fomento cultural e de preservação da memória regional. No entanto, uma forte resistência travou esse objetivo, com apoio da Câmara Municipal, que aprovou projeto do Executivo fazendo a troca. A família de Rubens Corrêa, diante disso, resolveu não prolongar a pendenga e desistiu de reivindicar o ato original.

O ator chegou a ser lembrado e reverenciado em algumas iniciativas. O Prêmio Rubens Corrêa de Teatro, por exemplo, instituído em 2012 pela Fundação Estadual de Cultura, no governo de André Puccinelli. Contudo, não é suficiente para retratar a envergadura cultural, artística e humanista do talentoso aquidauanense, que conquistou os diversos prêmios do teatro. O crítico Yan Michalski, respeitado em todo mundo, o considerava um dos mais completos encenadores brasileiros.

O deputado George Takimoto acredita que o governo estadual se convença do alcance e da importância de um memorial para guardar com segurança e compromisso o que o Estado tem de matéria-prima cultural a preservar. “As pessoas, sobretudo os jovens, precisam ter à disposição espaços estruturados para que se informem sobre o lugar em que vivem e quem protagoniza os feitos de identidade e afirmação desse lugar”.