23 de abril de 2024
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Lava Jato

Em coletiva; Reinaldo chora e diz que vai “até o fim” para provar farsa em delação da JBS

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O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), afirmou em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (22) que vai “até o fim” para provar que não recebeu propina da empresa, após ser alvo de denúncias feitas pelos delatores da JBS à Operação Lava Jato, .

De com a delação feita à PGR (Procuradoria Geral da República), Reinaldo Azambuja teria levado R$ 45.631.696,03 (Quarenta e cinco milhões, seiscentos e trinta um mil, seiscentos e noventa e seis e três centavos),  do grupo JBS. Parte do dinheiro teria sido pago ao governador em espécie e outra parte por meio de notas supostamente frias.

Reinaldo é pecuarista em Mato Grosso do Sul e chefe do Executivo estadual, porém, chorou ao falar do seu patrimônio, lembrando que em 2014 – quando declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 38,7 milhões em bens – foi considerado o candidato ao governo mais rico do Brasil.

Ainda durante a  coletiva, o governador que estava ao lado da mulher, Fátima Azambuja, e da vice-governadora Rose Modesto (PSDB), recordou que já foi acusado de enriquecimento ilícito, mas que denúncias foram arquivadas, por falta de provas. Azambuja ainda ressaltou que esse tipo de acusações faz parte da vida pública.

“Tudo que eu tenho foi constituído pela minha família, meu avô, meu pai e pela família da minha esposa. Meu patrimônio é resultado do trabalho de pessoas honestas, não foi tirando nada de ninguém, vou provar até os últimos dias para provar isso”, declarou.

Defesa

O gestor deixou claro ainda que a versão dos delatores não pode ser tida como única verdade. “O lado que aparece hoje é só o lado do delator, parece que o lado do delator é a verdade. Eu tenho 20 anos de vida pública, vou até as últimas consequências para provar minha inocência”, reforçou.

Reinaldo afirmou também que os donos da JBS jogaram o nome de 1,8 mil políticos “na lama” e que ele já acionou seus advogados para mostrar na Justiça que não cometeu os crimes a ele atribuídos.

“Todo cidadão tem direito à defesa, todo brasileiro e brasileira tem esse direito e o governador também”.

O pecuarista admitiu que teve vários encontros com diretores da JBS, inclusive Joesley Batista, um dos donos e delator na Lava Jato. Mas, garantiu que a relação dele com a diretoria do grupo é institucional. “A gente discutir investimentos para o Estado”.

O chefe do Executivo estadual fez questão de ressaltar que reduziu incentivos fiscais para a JBS e que por isso, a empresa passou a recolher mais ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação Serviços).

Ele chegou a falar a possível retaliação. “Pode ter sido retaliação porque nós não renovamos muitos termos de acordo, não sei o que foi. Acho que foi porque eles tinham que entregar alguém”.

O governador também disse que como pessoa física tem relação comercial com a JBS e que todas as vendas de gado feitas por ele ao grupo são comprovadas por meio das notas fiscais e as GTAs (Guias de Trânsito Animal). Toda a documentação será mostrada à Justiça, assim como farão os outros pecuaristas, alguns deles que têm ou já tiveram cargos no governo, que supostamente emitiram notas para “lavar” o dinheiro da propina que a empresa diz ser destinada a Reinaldo.

 

Denúncia 

Segundo delação, homologada na quinta-feira (18), Reinaldo teria recebido R$ 10 milhões em espécie, de acordo com um dos delatores, e outros R$ 35 milhões por meio de pagamentos feitos por meio das notas fiscais que seriam falsas, emitidas por pessoas físicas e jurídicas.

A Buriti Comércio de Carnes seria a empresa participante do esquema, para a qual foram pagos R$ 12.903.691,03 (Doze milhões novecentos e três mil seiscentos e noventa e um e três centavos), por meio de notas frias expedidas entre maio e julho de 2015.

O restante dos “pagamentos”, boa parte deles feitos em 2016, são referentes a vendas de gado, operações que conforme a delação, nunca aconteceram.

A JBS anexou, por exemplo, notas emitidas pelo atual secretário de Estado de Fazenda, Márcio Monteiro (PSDB), no valor de R$ 333 mil, pelo deputado estadual Zé Teixeira (R$ 1,6 milhão), pelo ex-prefeito de Dois Irmãos do Buriti e ex-deputado estadual Osvane Ramos (R$ 583 mil) e ex-prefeito de Porto Murtinho Nelson Cintra (R$ 296 mil).

Após as denúncias, dois pedidos de impeachment contra o governador foram protocolados na Assembleia Legislativa. Sobre isso, o governador disse que é o direito de qualquer cidadão tomar tal atitude e que quando ele for chamado, vai dar todas as explicações. “Não tenho nada a esconder”, garantiu.

Veja a coletiva na íntegra: