16 de abril de 2024
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ELEIÇÕES 2020

Dourados e Campo Grande desafiam marcha senatorial de Azambuja

Cecília Zauith descarta candidatura, mas lance no tabuleiro tem reeleição de Marquinhos

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A despeito dos fatos e das naturais versões – plantadas de acordo com as respectivas conveniências -, o cenário das eleições municipais de 2020 e estaduais de 2022 já pode ser objeto de conjecturas e ajustes práticos. Começam a evoluir projeções que, aberta ou sutilmente, estão sendo desenhadas por seus agentes diretos.

Um exemplo: a candidatura do prefeito Marquinhos Trad (PSD) à reeleição é tão iminente quanto a importância decisiva de seu voto para alavancar projetos futuros, entre os quais uma cadeira no Senado para o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) entre os concorrentes a uma vaga do Senado. Assim, é possível compreender porque além da troca de gentilezas com Marquinhos, querendo retribuir o apoio que recebeu para sua reeleição, o governador carrega nos investimentos da parceria Estado-Município.

A reeleição de Marquinhos, a candidatura de Azambuja ao Senado e ainda o ensaio com o nome do secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, na sucessão estadual, estão na ordem-do-dia. Se algumas dessas projeções ainda permanecem na incubadora, as peças que farão os dois jogos sucessórios locais já começam a ocupar o tabuleiro, tendo, em princípio, dois territórios principais: Campo Grande e Dourados.

Nesses dois municípios, os maiores colégios eleitorais de Mato Grosso do Sul, estão concentradas as atenções hoje. É o tabuleiro no qual seus principais protagonistas já começaram a ser identificados e carimbados por quem opera o processo da pré-disputa. Para ser mais tranquila e menos complicada a dupla tarefa de 2022 – fazer o sucessor e pavimentar a rota senatorial -, Azambuja terá que desincumbir-se com inteligência e tirocínio da arrumação tucana para as disputas municipais.

INTERESSES

Em Campo Grande, embora tenha autoridade e liderança inquestionáveis para declarar seu interesse na reeleição de Marquinhos, o governador quer agir democraticamente no âmbito partidário. E por isso inibe a deputada federal Rose Modesto, que insiste em manter desfraldada a bandeira da candidatura própria. A lógica sinaliza que a vontade de Azambuja prevalecer a parceria com marquinhos, e retribuir o gesto que recebeu na sua eleição do ano passado. se o PSDB ficar com o prefeito para atender Azambuja, a candidatura ao Senado ganha o seu maior impulso político-eleitoral e 2020.

No caso de Dourados, as conversas são outras. Por enquanto ainda não existem certezas sobre o amanhã da prefeita Délia Razuk. Sem partido, ela parecia desmotivada para tentar a reeleição. Era apenas uma impressão, que vem desfazendo a cada dia. Porém, a concorrência está ativa, com ao menos cinco pré-candidaturas ensaiando o fôlego. Três delas se movimentam no raio de influência direta do governo estadual: são os deputados estaduais Marçal Filho (PSDB), Renato Câmara (MDB) e José Carlos Barbosinha (DEM). É possível distinguir o vínculo político entre esse trio e seus líderes: Marçal é tucano, como Azambuja; Barbosinha, um democrata, partido liderado pelo vice-governador e secretário estadual de Infraestrutura, o ex-prefeito Murilo Zauith; e Câmara está na conta do bloco de resistência emedebista do ex-governador André Puccinelli. E é no interesse e no envolvimento dessas lideranças que a disputa pela Prefeitura de Dourados em 2020 vai delinear e atualizar as tendências do jogo a ser travado em seguida, na sucessão estadual de 2022.

FATOR ZAUITH

Assim, os fatos e as especulações se sucedem, ora aleatoriamente, ao sabor do vento, ora com lastro no realismo de projeções e possibilidades afirmativas. Foi assim que o ambiente político recebeu em uma semana duas notícias que, mesmo em territórios geoeleitorais diferentes, acabam desaguando num único espaço de interesses.

Na semana passada, o presidente estadual do PSDB, Sérgio de Paula, jogou no chão do debate uma semente, pinçando o nome de Eduardo Riedel como alternativa de ponta no PSDB para concorrer ao governo e dar continuidade ao trabalho de Azambuja. Foi bem recebida a notícia, mas ela não desceu a detalhes sobre como seria o arranjo do PSDB na sucessão campograndense e qual o panorama político geral que teria Azambuja para concorrer ao Senado, tendo que afastar-se do mandato e transmitir o governo ao vice Murilo Zauith.

Depois da intervenção de Sérgio de Paula com o nome de Riedel, a fogueira não perdeu a intensidade: o deputado Renato Câmara sugeriu – em tom de lançamento – que o nome de Cecília Zauith, esposa do vice-governador, precisa ser considerado ente as alternativas da disputa sucessória em Dourados. Foi sintomático: a manifestação de Câmara, que também é pré-candidato, içou ao alto da conflagração local mais uma personagem de indiscutível peso social e político para ombrear com os demais, sobretudo os chamados “pré-candidatos oficiais”, Marçal Filho e Barbsinha.

A intenção de Renato Câmara pode ter sido das melhores. Mas não prosperou. E foi a própria Cecília Zauith, categoricamente, quem rechaçou a ideia. “Nunca cogitei isso. O deputado Renato Câmara sequer me consultou. Está fora de cogitação, não é nem uma hipótese a ser considerada”, descartou. Cecília Zauith reiterou que sua prioridade segue sendo o ensino, na condição de dirigente da Unigran, uma das instituições de terceiro grau melhor conceituadas em Mato Grosso do Sul.