18 de abril de 2024
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Mobilização

Divididas, organizações que apoiaram Bolsonaro se esquivam de manifestação

Em Campo Grande, Associação Comercial usa pretexto para aderir ao movimento de domingo

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Enquanto organizações civis que protagonizaram as pressões populares para derrubar Dilma Roussef, apoiar a condenação de Lula e vitaminar a campanha pró- Jair Bolsonaro (PSL) se recusam a participar das manifestações de apoio ao presidente, em Campo Grande a Associação Comercial e Industrial (ACICG) faz coro de incentivo ao campograndense para enfileirar-se na mobilização marcada para domingo, 25.

Por meio de seus principais dirigentes, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o “Vem Pra Rua” já deixaram claro que não se entusiasmaram com essa manifestação. No caso do “Vem Pra Rua”, os seguidores foram liberados. Mas nenhuma das duas frentes fechou questão para ingressarem oficialmente nas concentrações e passeatas que vão expressar apoio à reforma da Previdência e outras pautas do governo Bolsonaro.  

Segundo Adelaide de Oliveira, dirigente do Vem Pra Rua, os atos adquiriram um caráter “bastante personalista” a favor do presidente. "Somos suprapartidários. Não defendemos partidos, nem políticos, nem governos. Apoiamos ideias. Apoiamos a Previdência. Apoiamos o pacote anticrime. Então preferimos o distanciamento para não ser confundido com apoio político". O deputado federal Kim Kataguri (DEM/SP) criticou a iniciativa e disse que por causa disso passou a receber ameaças, atribuídas a grupos extremistas do conservadorismo, como o “Direita São Paulo”, “Juntos Pela Pátria” e “Movimento Brasil Conservador”.

Na capital sulmatogrossense a manifestação vai percorrer a avenida Afonso Pena coms de veículos e pedestres, tendo como ponto de referência e concentração o canteiro central da via em frente ao prédio do Ministério Publico Federal. Está sendo aguardada a presença de vidersas forças políticas que apóiam Bolsonaro, como os deputados estaduais Coronel David e Capítão Contar; deputados federais Tio Trutis e Luiz Ovando; e senadora Soraia Thronick,todos do PSL.

OPORTUNISMO - Na contramão dos parceiros direitistas que se opõem às manifestações, a Associação Comercial de Campo Grande decidiu acionar seus filiados e fazer chamamentos em notícias na imprensa e apelos por redes sociais para convencer a população a aderir. O presidente da entidade, João Carlos Polidoro, declarou que entende o ato como uma forma de respaldar o esforço do presidente para mudar o sistema previdenciário e confrontar as articulações de parlamentares do Congresso Nacional que lutam para barrar a reforma.

Estratégica e espertamente ancorados em posições classistas que reforçam seus estribos de articulação e de convivência com os poderosos de plantão, Polidoro e um de seus diretores, Roberto Oshiro, se comportam como quem utiliza a representação associativa para garantir a própria projeção no cenário político, econômico e social. Prova flagrante disso é que a ACICG, por obra e graça de seus dirigentes, não considerou sequer os graves impactos econômicos que a reforma proposta pelo Planalto vai causar na principal fonte de renda dos comerciantes, que é os ganhos dos assalariados, massa que reúne no Estado milhares de trabalhadores em atividade e outros milhares de aposentados, pensionistas, professores e outras categorias que terão seus rendimentos precarizados se a mudança previdenciária acontecer do jeito que o presidente quer.

Na verdade, a cúpula de dirigentes das entidades ligadas ao comércio na cidade é de pouca ou inexpressiva representatividade efetiva, considerando-se que Polidoro tem um pequeno negócio de computadores; Oshiro tinha um restaurante de prato feito que foi à falência e outros, como Edison Araújo, presidente do Sistema Fecomércio, e Adelaido Vila, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), igualmente transitam pelo mesmo e opaco território da interlocução classista sem peso compatível com a grandeza econômica do município.