29 de março de 2024
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CENÁRIO 2020

Apoio de Azambuja à reeleição de Marquinhos é certo e aliados ficam sitiados

Compromisso político que levou Azambuja à cadeira é cobrado em 2020

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Política é a mistura de ciência, arte e instinto. É esta a receita que se pode visualizar em Campo Grande com a confirmação do apoio do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) à reeleição do prefeito Marquinhos Trad (PSD). Não é novidade. Ele já havia apontado esse compromisso anteriormente, mais de uma vez. Agora, no entanto, há recortes específicos na conjuntura pré-sucessória que levam o governador a reiterar o que disse, para não deixar dúvidas.

Em 2018, a sucessão estadual afunilou num cenário imprevisível. A pulverização de candidaturas e a forte inserção do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira em vários setores da sociedade, chegando a liderar as pesquisas de intenção de voto por bom tempo, ameaçavam o projeto tucano de garantir mais quatro anos para Azambuja na Governadoria. Porém, no primeiro e segundo turnos, foi decisiva a atuação de Marquinhos Trad para vitaminar a chapa tucana e derrotar o adversário.

Azambuja então se reelegeu afiançando que retribuiria Marquinhos em 2020. Um compromisso político e eleitoral que deu aos campo-grandenses sabor especial e diferenciado: a parceria Estado-Município, com a qual o prefeito, vem conseguindo recuperar a cidade e retomar os investimentos. Na terça-feira passada (19), prefeito e governador participaram da entrega de casas populares na capital, na ocasião Azambuja voltou a acenar, com vigor e serenidade, que tem compromisso com a reeleição de Marquinhos.

Nada mais natural. Além de empenhar-se pessoalmente na reeleição do governador, Marquinhos também escreveu nessa partitura as notas que embalam o suporte político fundamental dos vereadores de sua base de sustentação, hoje em número de 23, dos 29 titulares da Câmara Municipal.  

A afirmação de Azambuja não surpreende, mas suscita um questionamento que toma corpo a cada dia. É saber sobre o que fará a deputada federal Rose Modesto, do PSDB. Ela sonha em repetir 2016 e ser novamente a candidata do partido à Prefeitura, até cooptou aliados, mas seu nome encontra resistência porque o conjunto da militância tucana é fiel à Azambuja. Se pelo PSDB não dá, o jeito seria trocar de partido, mas a legislação é um complicador. Restaria à parlamentar deixar o PSDB e assumir o controle de outras legendas, uma delas, o Podemos, já em suas mãos. Assim, não seria obrigada a seguir as decisões do governador na questão sucessória.

Azambuja declara apoio à reeleição de Marquinhos mas não impede nenhum filiado de seu partido de defender candidatura própria e até de lançar-se como opção, caso da deputada Rose Modesto. No entanto, para quem entende das coisas um pingo é um capítulo. Quando afirma, publicamente, que já tem compromisso com uma pré-candidatura e que não é do seu partido, o governador tacitamente espera que seus liderados o sigam.

Esta é a leitura a ser feita. Cada um, especialmente quem está diretamente interessado, que faça sua interpretação e nela se decida. O PSDB e o PSD iniciaram em 2018 uma relação afetiva, eleitoral e política, com prazo para ser renovado em 2020. A menos que aquele personagem de Nelson Rodrigues, o Sobrenatural de Almeida, resolva aprontar.