28 de março de 2024
Campo Grande 27ºC

NEGLIGÊNCIA?

Pai acusa 'estagiários' de quebrarem o braço da filha durante parto: 'Saiu roxa'

Pai afirma que o obstetra só chegou depois que as médicas residentes estavam tentando retirar a bebê. Hospital afirma que o parto foi acompanhado por médicos e equipe de enfermagem.

A- A+

Uma bebê teve o braço direito quebrado durante parto no Hospital de Cubatão (SP). Em entrevista ao G1 nesta terça-feira (13), o pai da criança afirmou que o parto foi feito, inicialmente, por quatro residentes de medicina e que o obstetra só chegou depois que elas estavam tentando retirar a bebê.

"Eu via as 'estagiárias' puxando a minha filha com força porque ela não estava saindo. Elas ficaram de um lado para o outro. Nisso o médico entrou, depois de uns dois ou três minutos. Ele viu a estagiária puxando minha filha e falou: ‘gente, vocês não estão vendo que essa criança tem que sair? Por que não tiraram ainda?’", conta o montador de andaime Cristiano dos Santos Coutinho, de 32 anos, pai da pequena Bianca Valentina.

Ele diz que acompanhou todos os detalhes do parto e que a filha só foi retirada após a chegada do médico. O parto normal foi feito na tarde da última quarta-feira (7) e tanto a mãe como a bebê continuam internadas. "Ela saiu toda roxa e, se o médico não tivesse entrado naquela hora, minha filha não sairia com vida. O médico disse para elas [residentes] que a criança não poderia estar lá dentro ainda".

Cristiano diz que a família só foi informada de que a criança havia quebrado o braço dois dias após o parto. Agora, ela terá que passar por fisioterapia. "De três em três meses a bebê vai ter que fazer fisioterapia. Vou ver minha filha crescer com o braço quebrado. E pode ficar com sequelas", lamenta.

O pai da criança foi até o 1º Distrito Policial de Cubatão e o caso foi registrado como lesão corporal culposa. Procurada pelo G1, a Fundação São Francisco Xavier, responsável pela gestão do hospital, afirmou que o parto foi acompanhado pela equipe especializada de plantão, incluindo médico ginecologista/obstetra, pediatra e médicos residentes de ginecologia e pediatria, além de enfermeira obstetra e técnico de enfermagem.

"Por conta do sigilo médico, informações referente à paciente e ao recém-nascido são repassadas somente à família. Ressaltamos que o recém-nascido passa bem e está recebendo toda a assistência necessária, sendo acompanhado pela nossa equipe multidisciplinar", afirma, em nota.

Outro caso

O pai de outra bebê que nasceu no Hospital de Cubatão diz que a filha perdeu o movimento do braço direito após lesão durante o parto, no último dia 4 de julho. O ajudante de serviços gerais Anthony Péricles Silva Moura, de 17 anos, conta que tentou registrar um boletim de ocorrência em Cubatão, mas o delegado de plantão afirmou que não poderia fazer.

Segundo ele, a esposa foi pressionada pela enfermeira, que teria dito para ela "se apressar" porque estava quase na hora de ela ir embora e a médica não teria a mesma paciência. "Não tinha como ela já estar na barriga assim. Todas as ultrassonografias mostraram ela com movimento dos braços".

Lorena Vitória nasceu às 5h05 de parto normal. O pai da criança diz que na noite do mesmo dia os médicos contaram que ela não tinha movimento no braço direito. A criança tem feito sessões de fisioterapia e segue em recuperação. "Ela está do mesmo jeito. Só mexe a mão", conta.

Sobre esse caso, a Fundação São Francisco Xavier afirma que a recém-nascida recebeu toda a assistência necessária durante a internação hospitalar, sendo acompanhada por equipe multidisciplinar.

"Após a alta hospitalar, ela vem recebendo assistência do médico especializado do Hospital de Cubatão, além de ter sido encaminhada para atendimento ambulatorial no município de residência", afirma, em nota.