19 de abril de 2024
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Marielle do PSOL

Correios negam versão do governo sobre munições da PF que mataram vereadora

“não há no passado recente nenhum registro de qualquer incidente”, afirmou em nota a estatal

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A direção dos Correios negou, no sábado (17), a versão do Governo federal sobre a origem dos projéteis que mataram a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL). As primeiras investigações sobre o crime, ocorrido na noite de quarta-feira na região central do Rio de Janeiro, indicavam que os assassinos da vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, usaram projéteis de um lote que havia sido adquirido em 2006 pela Polícia Federal. No dia seguinte, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que essa munição deveria ter sido entregue à PF por via postal, mas foi furtada da sede regional dos correios na Paraíba.

A empresa estatal, porém, divulgou nota afirmando que “não há no passado recente nenhum registro de qualquer incidente” envolvendo roubo de munição, e acrescentou que está tentando verificar as informações. A nota acrescenta que a empresa não aceita ser contratada para a entrega de armas ou munições, exceto quando isso está previsto por uma legislação específica e tem autorização do Exército.

Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente dos Correios, Guilherme Campos Júnior, disse que a empresa não sabe de onde o ministro tirou a informação que divulgou. “O ministro deve ter alguma informação que nós não temos. Se a tiver, espero que nos repasse”, afirmou.

Segundo as investigações, projéteis do mesmo lote, de calibre 9 milímetros, já haviam sido usados na chacina que deixou 17 vítimas em 2015 nas cidades de Osasco e Barueri (SP), um crime pelo qual três policiais militares e um agente da Guarda Civil de Barueri já foram condenados.

Questionado sobre o uso de munição da Polícia Federal nesses crimes, Jungmann afirmou que parte do lote UZZ-18 foi furtada “há vários anos” da sede regional dos Correios na Paraíba. “A Polícia Federal já abriu mais de 50 investigações por essa munição desviada. Por isso eu acredito que essas cápsulas encontradas na cena do crime foram efetivamente roubadas”, disse.