29 de março de 2024
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''Encontros fortuitos''

Novos diálogos indicam conversas impróprias entre Deltan e desembargador

Mensagens obtidas por site e publicadas por revista citam ''encontros fortuitos'' entre procurador e desembargador do TRF4

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O novo pacote de diálogos divulgado, nesta sexta-feira (12/7), pela revista Veja em parceria com o The Intercept Brasil aponta indícios de que as conversas dos procuradores também teriam ocorrido com um dos membros do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), órgão que está encarregado pelo julgamento em segunda instância dos processos da Lava-Jato em Curitiba. O desembargador é João Pedro Gebran Neto, relator dos casos da operação. 

Os diálogos onde o desembargador é citado fazem referência a Adir Assad, operador de propinas da Petrobras e de governos estaduais, preso em março de 2015. Adir foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a nove anos e dez meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. 

Deltan Dallagnol teria comentado com colegas do MPF que o desembagador estaria achando as provas no caso Assad fracas, a conversa aconteceu cinco meses antes do julgamento do caso em segunda instância no TRF4. O assunto voltou a ser comentado no dia 5 de junho de 2017, em conversa de Dallagnol com o procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré, membro da força-tarefa da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, que atua juntamente com o TRF4.

 

A conversa ocorreu nas vésperas do julgamento da apelação de Assad, Deltan se mostra preocupado com a possibilidade de que Adir seja absolvido. O receio do procurador estaria ligado a negociação de uma delação, se Adir fosse absolvido, voltaria atrás no acordo que acabou sendo firmado em 21 de agosto de 2017. 

Na conversa, Deltan comenta com Cazarré: “Cazarré, tem como sondar se absolverão assad? (…) se for esse o caso, talvez fosse melhor pedir pra adiar agilizar o acordo ao máximo para garantir a manutenção da condenação…", “Olha Quando falei com ele, há uns 2 meses, não achei q fisse (sic) absolver… Acho difícil adiar”, respondeu Cazarré.

A sentença em primeira instância, decidida pelo ex-juiz Sergio Moro, concluiu que Assad permanecia no comando de algumas das empresas utilizadas para escoar dinheiro desviado da Petrobras. Em junho de 2017, Gebran confirmou a condenação de Assad, tendo o voto seguido por outros dois desembargadores da Oitava Turma do TRF4. Em sua decisão, Gebran acrescentou depoimentos da delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa.

Procurado pela reportagem da Veja, Deltan decidiu não se manisfestar sobre o caso. Gebran respondeu às questões enviadas por email pela revista, “Em relação ao réu Adir Assad (ou qualquer outro réu), trata-­se de questão processual e que somente autoriza manifestação nos autos, pelo que nunca externei opinião ou antecipei minha convicção sobre qualquer processo em julgamento.”, nenhum dos envolvidos atestou a autenticidade das conversas.

Em junho o site The Intercept Brasil começou a divulgar uma série de conversas entre o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o ex-juiz Sergio Moro que ficaram conhecidas como Vaza-Jato.