29 de março de 2024
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“Polaco”

Foragido da PF recuou de delação e denunciou promotor após receber ameaças

Gumari é o único alvo da Operação Vostok que continua foragido

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Único alvo da Operação Vostok que continua foragido, José Ricardo Gutti Gumari, conhecido como “Polaco”, já havia concordado em fazer delação premiada sobre os denúncias investigadas pela Polícia Federal, envolvendo o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que vieram a tona na última quarta-feira (12). Ameaçado de morte, ele recuou da decisão e ainda acusou de coação o promotor responsável pelo caso, Marcos Alex Vera, da 30º Promotoria de Justiça.

Documentos aos quais o Correio do Estado teve acesso demonstram que no dia 20 de abril deste ano, Polaco encaminhou ao Ministério Público Estadual, Federal e à Superintendência da Polícia Federal uma ‘proposta de colaboração premiada’.

No documento, o corretor de gado alegava que tinha ciência das investigações que apontavam que ele seria operador de valores “em nome de autoridade que detém função pública relevante e de comando no Estado”, e que a ideia da colaboração surgia “no sentido de auxiliar os representantes do Ministério Público a identificarem os valores decorrentes de lavagem de dinheiro e outros crimes”.

Polaco afirmava ainda que tinha notas fiscais, bem como cheques e bilhetes manuscritos que indicariam com segurança a participação do chefe do executivo, Reinaldo Azambuja (PSDB), e pelo menos um dos filhos dele, num esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, e assegurava que estava se dispondo a delatar os ex-aliados de forma voluntária.

RECUO 
Ocorre que , quatro meses após a apresentação proposta, já no dia 26 de julho, Polaco voltou atrás. Apresentou um segundo documento, desta vez endereçado ao Procurador Geral de Justiça de Mato Grosso do Sul (PGJ-MS) e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), acusando o promotor Marcos Alex Vera de coági-lo a entregar o esquema. 


“Diante das insistência do promotor de que eu (José Ricardo) estaria envolvido, e que a única maneira de me ver livre da cadeia e de outros infórtunios que seguramente viriam, aconselhou-me a delatar outras pessoas. Com a  evidente finalidade de me pressionar, chegou a me fornecer cópia de parte de procedimento, por eLe conduzido, onde, segundo o promotor, teria apurado ou estaria em curso, suspostas ordem de tirar minha vida através de pistoleiros contratados”, relatou o corretor.


No documento, Polaco revela ainda que de fato assinou documento se colocando a disposição para delação, no entanto, “o documento teve que ser enviado para Brasília/ DF, pois a autoridade que deveria responder sobre a suposta proposta de colaboração deveria ser a Procuradoria da República”, que até então, não havia dado nenhuma resposta.


“Não aceitei iniciar a colaboração sem que fossem oferecidas as benesses da lei. Este fato não foi bem visto pelo promotor de justiça Marcos Alex. Desde então minha vida tem sido sofrimento e de medo. Tenho recebido inúmeras ligações no sentido de que minha vida corre risco, pois pessoas querem em eliminar. Não sei se esta notícia é verdadeira ou algo inventado, mas isso passou a ocorrer depois que me neguei a dar um depoimento antes da resposta de Brasília”, declarou Palaco.


“USOU DE JORNALISTA”


Na representação de dez páginas, o corretor de gado afirma que também foi coagido por um jornalista: “Minhas suspeitas de que o promotor (Marcos Alex) teria algo a ver com esses fatos, ameaças de morte e de prisão, vieram a se confirmar comas várias ligações e mensagens recebidas de um jornalsita ligado à Rede Globo de televisão, que não sei como, toma conhecimento de tudo que ocorre no processo que diz respeito a investigação sobre minha pessoa”.


Consta no processo uma mensagem que, supostamente, o jornalista teria enviado a Polaco, com o seguinte texto: “se quiser conversar, eu te ligo por aqui, porque what-sapp não tem como grampear, e eu te explico tudo. Não precisa me contra nada, não é isso que busco. Eu já sei de tudo e tenho provas. Estou aqui porque quero ver a verdade revelada”.

E continua: Quando quiser falar, se quiser, é só avisar. Meu nome é... eu te ajudei a intermediar as conversas que você teve com a PF e o promotor. Fui eu que levei as informações para pessoas de sua confiança para que você ter vindo aqui. Sou jornalista. Se quisesse já poderia ter dado toda a história, mas estou segurando para que tenha um desfecho melhoe”, conclui. 


No texto, Polaco reforça procurou a PGJ-MS e o CNMP como um “pedido de socorro”, porque o promotor insistia que ele comparece para ser ouvido, porém, não de forma oficial, sendo que nunca o intimou, apenas por meio do contato com o advogado dele ou pelo celular, o que já estaria lhe causando problemas de saúde.