28 de março de 2024
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“Cão Sem Plumas”

De homem caranguejo a meio ambiente, Déborah Colker impacta com espetáculo na Capital

"Uma palavra para definir muitos e avassaladores sentimentos ao contemplar a obra da Cia. Déborah Colker"

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O impacto do homem sobre a natureza é visível e preocupante nos dias atuais. Diante de tanta degradação de florestas, de rios, do ar, entre outros, tais atos, são, de certa forma, resultantes da deterioração dos valores, princípios e da condição humana do ser humano.

Estes elementos estão inseridos em “Cão Sem Plumas”, espetáculo de dança da Cia. Déborah Colker, em cartaz no último final de semana em Campo Grande.

Baseado no poema de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) escrito em 1950 e em cartaz nos dias 16 e 17 de junho no Teatro Glauce Rocha (UFMS), Campo Grande foi palco e teve oportunidade de acompanhar um dos mais performáticos e sublimes performances de dança contemporânea existentes no Brasil.

O poema de Cabral é enfático ao descrever a situação do Rio Capiberibe em seus versos e a condição do homem ribeirinho. O Capiberibe nada mais é do que uma síntese do panorama da situação dos rios de todos os lugares e das pessoas e suas complexidades e subjugações.

Entrevista com a coreógrafa do espetáculo, Jacqueline Motta. Foto:Tero Queiroz 

“Uma mistura né, além da dança temos músicas, ritmos variados, o filme dirigido pelo cineasta Cláudio Assis, temos o poema de João Cabral de Melo Neto falado, cantado, é um espetáculo cheio de surpresas”, explica a coreógrafa do espetáculo Jacqueline Motta.

Falando no cinema de Cláudio, que é diretor de grandes títulos como “Amarelo Manga” (2002) e “Big Jato” (2014), e que também entrou como grande parceiro da Cia. Déborah Colker, acompanhando a Cia. carioca em todas as viagens, filmando as ações de sua companhia por várias cidades nas regiões nordestinas do Brasil, “Nós fizemos residência artística, nessas regiões próximas a Pernambuco, passamos por cidades, e depois disso tudo mudou, o corpo desse bailarino, o modo como enxergávamos esse homem que se transforma em um espécie de caranguejo para sobreviver em meio a aquela lama”, comenta a coreógrafa Jacqueline Motta em conversa com o jornalista do MS Notícias.

Durante ensaio e montagem do espetáculo no teatro Glauce Rocha em Campo Grande - MS. Foto: Tero Queiroz 

O espetáculo, é composto por uma rítmica intrínseca e impactante, com coreografias belas compostas por Déborah Colker, fazendo valer o prêmio considerado o “Oscar”, da dança que Déborah ganhou na terça-feira (5/06) da semana passada. O prêmio de melhor coreógrafa do mundo no Prix Benois de La Danse, pela coreografia de “Cão Sem Plumas”, que estreou em 2017 por sua companhia.

Bailarinos durante ensaio no ´sabado 16/06, do espetáculo da "Cão Sem Plumas". Foto: Tero Queiroz.

Mas esta não é a primeira vez que a Cia. de Déborah é reconhecida internacionalmente, já que a Cia. teve sua excelência chancelada pela Society of London Theatre, arrebatando, na categoria "Outstanding Achievement in Dance" (realização mais notável em dança), o Laurence Olivier Award 2001 – honraria jamais concedida a um artista ou grupo brasileiro.

A mulher forte, gentil e como muitos firmaram ser, muito simpática, ainda foi responsável pela abertura maravilhosa da Copa do Mundo de 2014.

O espetáculo sem dúvidas é uma obra prima, o site entrevistou Jacqueline Motta, que falou alguns minutos com o jornalista Igor Matheus, momentos antes da estreia do espetáculo em Campo Grande, no sábado (16/06) no teatro Glauce Rocha.